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terça-feira, 1 de junho de 2010

O que sou


Sou a simples rigidez
Do que se despedaçou,
Que rouba tua lucidez
Com aquilo que restou.

Sou o toque frio da agulha
A dar-te uma falsa cicatriz,
Enquanto sobra-te apenas uma fagulha
Do que já fora, em verdade, feliz.

Sou este espinho imundo,
Que crava-te cada dia mais fundo.
O veneno que pulsa com fervura,
Em teu sangue, quente e sem doçura.

Sou o toque gélido do metal,
Que percorre teu corpo, chorando em escarlate.
A angustia que em teu peito bate,
Com essa dor constante e brutal.

Sou o reflexo do sorriso que te roubei,
Quando deixei-te à beira do caminho.
Tivestes então, que seguir sozinho,
Levando tudo o que um dia amei.

Sou as palavras que não te disse
Quando as tinha em imensidão,
E o egoísmo que impediu que as visse.

Sou os pedaços que te pedem perdão
E que se atormenta, lamentado assim,
Que tudo, mesmo nós, necessitasse um fim...

Por: Letícia Rosa

4 comentários:

  1. confesso não ser fã de rimas, mas de verdade Letícia, gostei bastante de seus versos rimados. E esse paradoxo todo da vida, é que muitas vezes fascina. Ter tantas palavras e não saber soltá-las. Por fim, mesmo querendo o infinito.

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  2. Somos tanto e tampouco. Tudo isso e mais um pouco. Mas, no fim, não somos nada.

    Passando pra deixar um beijo!

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  3. Não encontramos a luz pois estamos de olhos fechados e o amanha se torna sonhos se adormecemos. O cansaço que sentimos é apenas a mentira que o medo conta para nós...Não nos encontramos no papel, apenas lemos o que não sabíamos que pensávamos e sentíamos... Corações machucados não se curam, apenas aprendem a bater novamente.

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  4. adorei o texto, as vezes causamos coisas que imaginamos qe podemos causar a tais pessoas.

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