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sábado, 29 de janeiro de 2011

Julgado


Por becos sem saída vou sendo julgado
Por olhares incertos nada concretos,
Julgado apenas pra preencher um vazio.

Pessoas que nunca se saciam com a tristeza
De almas perdidas, derrotadas pela dor.
Outra vez embriagado choro lágrimas doloridas,
Lágrimas que ao escorrer cortam a pele
Como navalhas afiadas.

Ao tocar o chão fazem tudo ao meu derredor tremer
Com o peso da dor que ali se encontra.
Assim continuo sem uma saída concreta.

Do que adianta me perguntar se está tudo bem?
Se tu és a que menos te importas com a resposta?
Tu que já me machucastes tantas vezes...

Por: André Alves

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Poupar-me


Escolhi não me lamentar. Não quero olhar para trás. Não quero remoer o arrependimento. Nós sabemos bem o que perdemos. Agora que já não somos os mesmos, por que permanecer? De que nos vale essa guerra perdida? Por muito tempo eu tentei inutilmente me manter firme, mesmo sem forças. Mas hoje me entrego, como deve ser.
Essa pode ser a sua idéia de fraqueza, mas tive que ser forte para deixar tudo isso para trás. Voltei pelo mesmo caminho que vim, e recolhi todos os cacos que por ali deixei; não há nada mais desgastante que continuar uma caminhada em pedaços. Não haveria vitória no final, não havia motivos para continuar. Me redimi antes que fosse tarde.
Mas por favor, não me veja como “alguém que desistiu”, mas como “alguém que se cansou de meios termos”. Resolvi dar-me uma nova chance, poupar-me. Resolvi partir. Resolvi seguir um novo caminho onde nem tudo se rompeu.

Por: Letícia Rosa

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Só quero ir em paz


Já me cansei, realmente cansei,
Esse joguinho não funciona mais.
As mesmas palavras não vão
Me fazer levantar,
E eu não vou voltar.

Eu só quero uma saída!.
Pra sempre “”Haha” isso já se foi,
Palavras e mais palavras.
Eu só quero ouvir a verdade,
Apenas a verdade,
Pois as mesmas palavras não vão
Me fazer levantar.
Eu só quero ir em Paz!

Vejo que este é meu fim,
Então me diga bem alto:
“Eu não te amo mais.”
Eu só quero ir em Paz!
Já me cansei desse jogo sujo,
Isso não vai funcionar.

Eu só quero partir em paz,
Só quero uma saída.
Só quero a verdade!
Então me diga bem alto:
Eu não te amo mais.

Por: André Alves

sábado, 15 de janeiro de 2011

Talvez tarde de mais


Eu esperei, mas nada esperou por mim. Calmamente, rotineiramente e silenciosamente a roda continuou a girar, o ciclo seguiu. Eu permanecia calada, quieta.
Como uma espectadora abobada de uma peça - esperando o final feliz - me esqueci que o papel protagonista pertencia a mim.
Os demais atores foram executando o que lhes diziam respeito. Eu, porém, cerrei os olhos para a peça que continuava vazia.
Sentia ventos e turbulências, mas nada pôde abrir meus olhos para o que eu me negara a ver...
Nada, além do forte baque das passagens, quando, mesmo involuntariamente, confrontei-me com as conseqüências.
Sem que eu percebesse, tudo havia mudado. Eu havia mudado.
Então me dei conta, talvez tarde de mais, da rapidez com que o tempo passa.

Por: Letícia Rosa

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Pincel e tintas


Pincel e tintas. Um novo começo.
Traços negros, azuis, no início da dança.
Pingos de branco, prata e ouro. "São estrelas, não vê?".
No meio de um céu um pouco vazio surgem, saltando, imagens e brilhos, vindouros de um novo amanhã.
"É a vez do laranja, menina, se apresse".
Traços alaranjados, amarelados, vermelhos e molhados de manhã e pureza, em meio a um astro rei que, silenciosa e gloriosamente toma o lugar de luzes outrora inventadas.
"Mas o que é aquilo que vem surgindo no bailar do seu pincél ?".
Verde. Verde vivo, orvalhado de sol e tinta. Fitas verdes, que se balançam junto a algo que se mistura em meio às cores. "Bom dia, senhor vento". Em meio às fitas verdes, surgem pedaços de marrom, que ganham espaço, empurrando o verde pra cima. O tom avermelhado dá espaço a um céu límpido, tímido e generoso. Marrom, verde e azul.
"As cores juntas ficam lindas, não é?".
Montes volumosos, com mais do verde e do marrom, abrem frestas que brotam o mesmo azul do céu. Azul que dança, carrega e seduz. Em meio a esse azul que escorre, pequenas formas brilhantes, que refletem a luz do sol em diferentes cores, escamas que refletem a luz do fluir, se movendo de um jeito especial, como se a vida não pudesse esperar. E não pode.
" O que são aqueles pontos coloridos entre o verde e o azul do céu? ".
Pássaros, borboletas, libélulas, arrastando as cores, fazendo do canto arte, e do voo vida.
"Largue esse pincel. Use dedos, se misture, menina, ande logo ".
Agora sou eu, correndo no verde, acariciando o azul, dançando no mato, correndo nos montes, ao som da natureza que criei, sujando de mim, aquilo que sempre me pertenceu e nunca tinha sido meu.
" É nosso mundo menina, você vê ? ".
As coisas já não precisam ser pintadas, nascem. Nascem comigo, descobrindo-se comigo e me envolvendo dos pés à cabeça, enquanto corro, em busca de mais música.
"As cores são tantas, acho que nunca vi algo tão lindo ".
Movimento, voo, dança, corrida, pulo, cambalhota, sorriso, mistério, paixão, poema. Um menino, deitado, caído em sono, sorrindo de um sonho, numa tela borrada de tinta, suor e amor.

Por: Neemias Melo