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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Pincel e tintas


Pincel e tintas. Um novo começo.
Traços negros, azuis, no início da dança.
Pingos de branco, prata e ouro. "São estrelas, não vê?".
No meio de um céu um pouco vazio surgem, saltando, imagens e brilhos, vindouros de um novo amanhã.
"É a vez do laranja, menina, se apresse".
Traços alaranjados, amarelados, vermelhos e molhados de manhã e pureza, em meio a um astro rei que, silenciosa e gloriosamente toma o lugar de luzes outrora inventadas.
"Mas o que é aquilo que vem surgindo no bailar do seu pincél ?".
Verde. Verde vivo, orvalhado de sol e tinta. Fitas verdes, que se balançam junto a algo que se mistura em meio às cores. "Bom dia, senhor vento". Em meio às fitas verdes, surgem pedaços de marrom, que ganham espaço, empurrando o verde pra cima. O tom avermelhado dá espaço a um céu límpido, tímido e generoso. Marrom, verde e azul.
"As cores juntas ficam lindas, não é?".
Montes volumosos, com mais do verde e do marrom, abrem frestas que brotam o mesmo azul do céu. Azul que dança, carrega e seduz. Em meio a esse azul que escorre, pequenas formas brilhantes, que refletem a luz do sol em diferentes cores, escamas que refletem a luz do fluir, se movendo de um jeito especial, como se a vida não pudesse esperar. E não pode.
" O que são aqueles pontos coloridos entre o verde e o azul do céu? ".
Pássaros, borboletas, libélulas, arrastando as cores, fazendo do canto arte, e do voo vida.
"Largue esse pincel. Use dedos, se misture, menina, ande logo ".
Agora sou eu, correndo no verde, acariciando o azul, dançando no mato, correndo nos montes, ao som da natureza que criei, sujando de mim, aquilo que sempre me pertenceu e nunca tinha sido meu.
" É nosso mundo menina, você vê ? ".
As coisas já não precisam ser pintadas, nascem. Nascem comigo, descobrindo-se comigo e me envolvendo dos pés à cabeça, enquanto corro, em busca de mais música.
"As cores são tantas, acho que nunca vi algo tão lindo ".
Movimento, voo, dança, corrida, pulo, cambalhota, sorriso, mistério, paixão, poema. Um menino, deitado, caído em sono, sorrindo de um sonho, numa tela borrada de tinta, suor e amor.

Por: Neemias Melo

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